terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Semana 26 - Como o tempo [ou então não…]

change takes time
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É que dar ouvidos à tristeza pode trazer-nos coisas boas. Ela vai entrando na nossa vida com pezinhos de lã, guardando como objectivo combater o nosso impulso natural para a felicidade.
Há dias em que não consigo explicar esta tristeza que sinto e que me impede de andar para a frente. Em sentido metafórico, mas também literal, porque não raros dias dou por mim a não querer sair de casa e com ainda menos vontade de ver alguém…

Já me conhecendo há 28 anos e uns meses, dou por mim com a certeza de que isto em mim não é normal. Eu, a pessoa mais alegre e dinâmica que conheço, sempre cheia de energia, de coisas para fazer, de planos e de ideias, com vontade de estar em casa e de não sair?? Nestes dias recordo o que me trouxe até aqui e por mais que me foque em situações, pessoas e acontecimentos, sei que não valerá a pena esse exercício. Parece-me irrelevante querer saber o porquê das coisas. Sinto que o que preciso é de virar a cara à luta e ir em frente. A minha personalidade alegre não se sente bem em estar assim, mas sei que preciso de perceber o que é realmente importante para mim e passar a valorizar mais essas pequenas-grandes coisas.

Tenho escrito muito sobre isso aí ao lado (aqui, aqui, aqui e aqui), durante o verão fiz um exercício de valorização desses pequenos momentos que se transformam em coisas importantes (esse exercício tem-se mantido, mas não de uma forma tão contínua) e muitas vezes consigo olhar para a minha vida e ver que consegui torná-la algo de louvável e estou grata por isso. Fiz o balanço do ano passado e houve muitas coisas más, mas houve outras muito boas que me têm dado ânimo nos dias maus.

Sei que o que sinto não tem a ver com o estado do tempo. Desejei o verão aqui, mas não seria o verão em si. Gosto muito do calor, mas o que desejava mesmo era poder fechar-me na minha concha e ficar por casa entregue às minhas coisas. E depois vejo frases assim e penso: ‘Mas porque raio é que me sinto assim?’
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Descobri o que gosto de fazer [desde sempre é isto e é muito bom! Os sorrisos dos meus meninos é mesmo o melhor da profissão que me escolheu, apesar de haver dias em que não me apetece muito vê-los à frente…], ter oportunidade de o fazer e esforçar-me para isso. Infelizmente o reconhecimento do esforço nem sempre chega no final de cada dia e tenho-me sentido desmotivada, parece que o meu entusiasmo vai ficando em pedaços cada vez mais pequenos. Pode ser uma analogia muito estúpida, mas sinto-me como os sabonetes que vão sendo gastos de cada vez que são usados. De cada vez que dou uma aula, sinto que uma parte de mim fica lá, nos meus alunos, na dedicação que lhes dou, e se por um lado é recompensador, por outro mostra-me que o desgaste psíquico é uma caraterística da classe. Ainda não tinha pensado nisso assim.

E quando li este texto do Valter Hugo Mãe, ainda percebi isso melhor. Então, espaço a quem consegue conhecer a profissão do lado de fora, enquanto alguém que se sentiu ‘grande’ depois de aulas brilhantes.
“Mas sei, e disso não tenho dúvida, que há quem saiba transmitir conhecimentos e que transmitir conhecimentos é como criar de novo aquele que os recebe. Os alunos nascem diante dos professores, uma e outra vez. Surgem de dentro de si mesmos a partir do entusiasmo e das palavras dos professores que os transformam em melhores versões.”
Sei que a minha vida é um trabalho sempre inacabado para atingir uma melhor versão de mim mesma e se isso passa por momentos de reflexão e de ‘hibernação’ social, que seja. Só espero é que a felicidade da mudança e dos pequenos momentos não se perca pelo caminho. 
Quero ser uma versão de mim, mas uma versão mais feliz.

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