terça-feira, 26 de julho de 2011

Semana 14 – Os dias da família deviam ser todos os dias!

grandparentsi'm missing my grandparents
Estivesse eu ainda por terras alemãs e a segunda frase podia ser o tema do telefonema para os avós para lhes desejar um dia feliz. Ainda para mais hoje, que é Dia dos Avós. Lembro-me tantas, tantas vezes deles seja porque os visito pouco e devia passar lá mais tempo, seja pelas ausências ‘forçadas’ noutro país, seja porque às vezes me passam pela cabeças coisas que se passaram há vários anos.

Eu adoro os meus avós. Acho que são pessoas espetaculares, que já passaram por muito, mas que continuam sempre com um sorriso quando os netos aparecem para dar um olá e um beijinho. Desde que casei admito que o tempo que passo com eles diminuiu drasticamente e vejo a sombra das saudades nos olhos deles quando apareço.

A minha avó materna vive em casa dos pais desde que o meu avô morreu, há coisa de 15 anos, se não me engano, e em todos os anos em que vivi 24/7 com a minha avó criaram-se hábitos ótimos. Sei que a minha avó gostava e eu, então, adorava tomar o pequeno almoço com ela quando tinha tempo. E mesmo depois de casada quando é possível passo por lá para me sentar com ela à mesa a comer uma fatia de pão com queijo e um caneca de leite com Mokambo. É um cheirinho maravilhoso da minha infância - a repetir em breve. Também me lembro perfeitamente quando a minha avó se mudou para lá e ainda não havia um quarto só para ela. Eu e a minha irmã andávamos ao despique para ver quem é que dava a cama à avó para a avó não dormir na sala. Bem, não era assim uma razão muito altruísta, porque quem dormisse na sala podia ouvir música, estando o sofá-cama ao lado da aparelhagem, mas assim a avó também ficava mais confortável e podia conversar com a neta que estivesse lá no quarto.

Quando a minha irmã foi estudar para o Algarve, passei horas com a minha avó a ver as novelas, que ela me explicava desde o princípio com tanto gosto, que eu comecei a conhecer as personagens todas e não me envergonho nada disso. Diz-se que o tempo com a família deve ser de qualidade, certo? Nos intervalos íamos falando das nossas vidas, dos namorados, das amigas, das coisas da vida, da vida da mana lá pelos algarves, ‘então, a tua irmã vem este fim de semana a casa?’.Foi a minha avó a ajudante oficial das mudanças para a casa nova e é a pessoa que lá vai mais vezes. ‘Ó vó, anda lá, o R. vai trabalhar e nós duas podemos ir passear, vês as novelas na mesma e vais arejar! Sim, podes levar o Nino.’ Estes eram os meus argumentos quando a queria convencer a ir lá dormir a casa. Com as gatas a coisa ficou mais difícil, ela vai mas fica a pensar no cãozinho que deixa nos meus pais.
Com os meus avós paternos a coisa já é um bocadinho diferente. Gosto muito deles na mesma, mas há assim uma ‘embirraçãozinha’ mútua entre a minha mãe e a minha avó. Coisas de nora e de sogra (no meu caso não é nada assim…) que eu e a minha irmã fomos percebendo ao longo do tempo e que não veio beneficiar em nada a nossa adoração pela nossa avó. E quando eram os meus primos que faziam asneiras e eu pagava as favas também não era bonito. Hei de ser sempre a culpada de ter partido a televisão dos meus avós sendo que não tenho culpa nenhuma no assunto. Bem, mas também era fresca e ficou em cacos a mesa de vidro que estava no meio da sala e pela qual a minha avó tinha tanta estima. De todas essas vezes lá veio a minha mãe toda enervada e catrapaz, uma estalada para aprenderes…

Com os anos, comecei a perceber melhor os meus avós e aquilo que achava que era embirração não é mais do que uma estranha maneira de gostar. A minha avó é orgulhosa demais para admitir que a minha mãe é a melhor nora que podia ter e por isso andam as duas sempre às cabeçadas. A minha mãe também não dá o braço a torcer, mas derrete-se-lhe o coração quando o meu avô fala com ela e lhe transmite o orgulho que tem nela e na família que ela e o meu pai construíram.

Não somos uma família disfuncional. Damo-nos lindamente (felizmente muito melhor desde que eu e a mana casámos) e contamos uns com os outros para tudo. Segredos não há e quando há problemas todos sabem. Os meus avós têm opinião para tudo e o meu avô ainda faz valer a sua posição de patriarca apesar dos já muito vividos 80 anos. Sou orgulhosa de muita coisa e os meus avós são uma delas. E só espero ser capaz de construir uma família tão bonita como a nossa. 

E por isso faz-me tanta confusão ler isto. Os meus avós têm tido uma vida dura, mas deram tudo pelos filhos, e tenho a certeza que os idosos que são maltratados também. Filhos e netos ingratos que devem pensar que nunca irão ser velhos. Mas toca a todos e infelizmente sempre se disse '
Espera de teus filhos o que a teus pais fizeres'.

imagens: weheartit.com

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